QUESTIONÁVEL

Tantas perguntas e nenhuma resposta
Quantas partidas sem a devida aposta
Forçado da mesa me retirar
Já que não me dispunha a jogar

O medo se fez presente
Invadindo e dominando minha mente
Dizendo-me a não submeter
Sem ter chances de vencer

Assim ficamos frente ao problema
Fadados ao vasto dilema
O que se deseja realmente?
Estava eu de fato contente?

Inúmeras vezes nos questionamos
Onde foi que erramos?
Tudo pode ser diferente
Mas sem ver o que esta à frente

Tememos nos arriscar
E ao desconhecido desbravar
Na inércia, acorrentado...
Aguardando por ser resgatado

O socorro não vai aparecer
É você quem precisa aprender
Ao novo se lançar
E sua vitória alcançar

VANGUARDA

Tratando-me com o mais fino tato
Feito frasco de perfume barato
Que antes guardava junto à cabeceira
Arremessando-me contra a penteadeira

Em uma mistura de ódio e frustração
Demonstrando toda a indignação
Escorraçado fui de sua vida
Sem direito a uma palavra de despedida

Minha voz subitamente calou
No momento que me deixou
Trancando-se de forma nada sutil
Na vitrola um velho disco de vinil

A seguir uma ducha decide tomar
Para os nervos acalmar
Só então refletir sobre o ocorrido
E o que a levará a algo tão sofrido

Amarga tornou-se a situação
Pois sentia o descompassar do coração
Tentando ao desejo sufocar
E ao “seu homem” retornar

Ao dar ouvidos a pessoa errada
Que lhe queria como sua amada
Se viu jogada em grande agonia
O desfecho não saiu como queria

EM BREVE

Em um certo lugar de um vilarejo

Havia um senhor de muito gracejo

Seu sorriso era fascinante

Notória a alegria no semblante

Jamais foi pego reclamando de nada

Gozava de uma saúde danada

Ao menos é o que o povo pensava

Pois, frente ao desafio cantarolava

Não permitindo a solidão abater

Mesmo não tendo a quem recorrer

A vida lhe fez forte

Sem resmungar de sua “má sorte”

O tão esperado nascimento

Contratempo, chuva e vento

Impediram o medico chegar

E a sua esposa amparar

Quando de sua amada foi separado

Teve o peito dilacerado

Consigo levou seu único herdeiro

E de ambos conhece o paradeiro

Hoje no topo da colina

Segue sua rotina

Aguardando com devoção chegar

O momento de sua família reencontrar

MAIS UM DIA

Triste manhã em que a lagrima corria
Triste manhã que de tão triste chovia
Triste manhã onde o vento forte soprava
Triste manhã que a saudade transbordava

Triste dia de tão longa hora
Triste dia porque mesmo se demora?
Triste dia de são tão amargo
Triste dia que não desce com apenas um trago

Triste tarde em que as folhas vão cair
Triste tarde que no horizonte o sol não vai surgir
Triste tarde em que os pássaros deixam de cantar
Triste tarde que até os vaga-lumes teimam em não brilhar

Triste noite que antes tão prateada
Triste noite que se ofusca em meio à trovoada
Triste noite que esconde em segredo o luar
Triste noite que só aumenta o desejo de te amar

Triste madrugada que se mostra tão distante
Triste madrugada em que tudo lembra seu semblante
Triste madrugada que me torna tão verdadeiro
Triste madrugada que tudo daria para saber seu paradeiro

Triste vida que me deixa em plena solidão
Triste vida que tornou-se um furacão
Triste vida porque tanto insiste?
Triste vida seria bela, se não fosse triste.

SUA FALTA

Quando pequena no campo cresceu
Ao sol e chuva nuca cedeu
Tendo que esperar o tempo passar
E por fim na cidade veio parar

Do momento que te encontrei
Nunca mais me separei
De longe consigo te reconhecer
Tento desesperadamente o desejo conter

Sair correndo e ir te buscar
De o seu dono te comprar
Para no cinema me acompanhar
Ou seja, qualquer outro lugar

Para alguns, você é malvada
Sendo um pouco salgada
Mas, se tivesse que escolher
Diria, doce ao meu ver

Entendo que quando agitada
Tem sua raiva estourada
Assim sente eclodir
De ciúmes chega a explodir

Por recomendação estou afastado
Resmungando, pois devia ter comprado
E esta tristeza que me sufoca
Só pode ser falta da minha “pipoca”

PURA DOR

Esta é a triste historia

De um bom companheiro

Não me sai da memória

Será sempre um guerreiro

Gostava de sua leveza

Mas aquela costura

Não por questão de beleza

Que perdeu a postura

Se deixando levar

Ao teste de resistência

Acabou por rasgar

Levando minha paciência

Ao preço de ouro

Bastou mais um tropicão

Feito de falso couro

Arrebentou meu dedão

Sabia que era vaqueta

E isso não importava

Combinava com a jaqueta

Preta que adorava

Velho e fraco

Consumido de fato

Jogado no saco

Lá se foi meu sapato

CHAMADO DO AMOR

A muito pensei ter perdido
Algo que já havia esquecido
No mais profundo de minh'alma
Pois lá deixei para trazer-me calma

Mas, meu subconsciente
Manteve o desejo latente
Buscando por uma desculpa
Para livrar-se da culpa

Que assombrava sem piedade
Ao ato de egoísmo e maldade
Na tentativa de reconciliação
Com o mais ingrato coração

Mesmo que o fazendo sofrer
Precisava se refazer
Da vida teve uma grande lição
Que hoje converte em emoção

E de tudo que lhe fora ensinado
Ao próximo deve ser passado
Para que outros a sucumbir
Encontrem forças para sorrir

Em meio a toda esta provação
Alcance sua redenção
Aos que atendem o chamado do amor
Não hesitará diante a tristeza e dor